Diversão ao sol: uma nova geração de protetores solares amigos dos corais

By Danielle Moloney 

Edited by Jasmine Haskell

Translated by Ana Carolina Grillo

Reviewed by Jessica Bleuel

Introdução

Recifes de coral são uma das atrações turísticas mais populares no mundo todo. As regiões onde eles se encontram geralmente têm clima quente e muito sol. À medida que os turistas se aglomeram nos recifes e dão um mergulho no oceano para ver o que há abaixo da superfície, eles levam consigo um visitante indesejado: protetor solar! O protetor solar é recomendado para proteger nossa pele de raios ultravioleta (UV) que são prejudiciais e podem desencadear sérios problemas de saúde. Eles funcionam utilizando compostos como a oxibenzona para bloquear os raios UV. Porém, isso é uma faca de dois gumes quando se trata dos recifes: enquanto os humanos precisam bloquear estes raios solares, os recifes de coral dependem da luz do sol como combustível para as algas fotossintetizantes (zooxantelas) que vivem dentro de seus pólipos. Quando as pessoas nadam perto dos recifes, o protetor solar ‘sai’ da pele e pode bloquear o sol para corais que estão abaixo. Isso muitas vezes pode levar ao branqueamento e mortalidade dos corais. Além disso, os corais podem absorver as pequenas moléculas que compõem a maioria dos protetores, que causa dano interno nestes animais.

Um novo estudo por Zeng e colaboradores desenvolveu um novo tipo de protetor solar que teve um impacto mínimo na pele, nas algas e nos corais. Ao criar uma molécula grande de polímero, os pesquisadores puderam proteger a pele dos raios UV que causam queimaduras e ao mesmo tempo manter os corais protegidos da absorção do material.

Um raio de esperança

Zeng e colaboradores utilizaram novos polímeros sintéticos, criados em seu laboratório, para testar se poderiam efetivamente bloquear os raios UV prejudiciais. Um polímero é uma substância que é primariamente composta por várias moléculas com uma estrutura semelhante ligadas entre si. O objetivo era criar uma nova opção para um protetor solar que não causasse danos inadvertidos para o meio ambiente. A maioria dos protetores solares atuais adotam estruturas de pequenas moléculas para bloquear os raios; Zeng e colaboradores tentaram criar uma estrutura de moléculas grandes que fosse grande o bastante para não ser absorvida pela pele humana ou pela vida marinha como corais e algas.

Para testar seu novo material, os pesquisadores expuseram ratos a uma variedade de soluções tópicas e examinaram a extensão das “queimaduras solares” que ocorreram. Todas as diretrizes institucionais para o cuidado e uso de animais em pesquisa foram seguidas neste processo. Eles também expuseram corais à água do mar com os mesmos materiais adicionados e analisaram as respostas negativas ou branqueamento dos corais.

Eles descobriram que a grande molécula P(3) de polímero que haviam criado reduziu significativamente as queimaduras solares em ratos tratados comparados a ratos que foram expostos aos raios sem nenhum tratamento, ou até em ratos que foram tratados com oxibenzona, um ingrediente ativo comum na maioria dos protetores solares (Figura 1). Os pesquisadores também encontraram que P(3) não causou nenhum branqueamento em corais, enquanto a oxibenzona causou branqueamento total depois de 6 dias de exposição (Figura 2). Estes resultados são promissores para o futuro da proteção da pele para aquelas pessoas que planejam nadar, principalmente próximo à recifes de coral.

Um problema com o novo polímero criado por Zeng e colaboradores é que ele não é biodegradável. A cadeia principal na substância não consegue se biodegradar, embora métodos alternativos de polimerização (como a criação de uma estrutura em anel) possam evitar este problema. Mais pesquisa é necessária para tentar resolver este problema e avaliar se a combinação deste polímero com outros compostos pode torná-lo mais adequado para se degradar naturalmente no meio ambiente. 

Figura 1. Gráficos mostrando a extensão de lesão na pele após exposição a raios UV sob diferentes tratamentos em ratos de laboratório. Ratos tratados com o P(3) polímero bloqueador de raios UV não desenvolveram nenhuma lesão após exposição a raios UV, mesmo quando os ratos tratados com oxibenzona (o ingrediente ativo presente na maioria dos protetores solares) desenvolveram lesões. O P(3) foi o mais bem-sucedido no bloqueio de raios nocivos. Figura cortesia de MacKnight et. al 2022

Figura 2. Imagem mostrando a progressão na saúde dos corais ao longo do tempo após expostos a vários tratamentos. “Blank” e “Metanol” serviram como os tratamentos controle, P(3) é o novo polímero bloqueador de raios UV criado, oxibenzona é a substância tipicamente encontrada em protetores solares, e avobenzona é um composto encontrado nos protetores solares mais ecológicos. Os corais ainda prosperam quando expostos ao P(3), enquanto eles branqueiam completamente quando expostos à oxibenzona. Figura cortesia de Zeng et. al 2023.

Conclusões

Os protetores solares comumente encontrados no mercado apresentam uma ameaça tanto para a saúde dos humanos quanto para o meio ambiente. Suas estruturas compostas por pequenas moléculas facilitam sua absorção através da pele humana e foi comprovado que podem causar danos à saúde de seus usuários. Por exemplo, suspeita-se que um composto encontrado em protetores à base de oxibenzona, a benzophenona-3, possa ser um disruptor hormonal. No entanto, os humanos precisam utilizar protetor solar para proteger sua pele de raios UV prejudiciais. Além disso, esses compostos podem penetrar os recifes, algas, e outros organismos marinhos, causando danos, e às vezes levando à mortalidade. Utilizar um novo tipo de polímero composto por moléculas grandes apresentou uma solução promissora para os problemas atuais que enfrentamos com o uso de protetores solares. Estas descobertas podem levar a uma nova geração de filtros solares mais adequados ao meio ambiente.

Leia a pesquisa completa de Zeng e colaboradores aqui.
Por favor, contate o autor caso tenha quaisquer dúvidas: dmoloney@fandm.edu.

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